Foto de Zé Maria / Itaqueri da Serra

Em 1770, teve origem Itaqueri da Serra, um local de parada dos bandeirantes que iam para os sertões de Mato Grosso e Goiás. à procura de diamante e ouro. Oficialmente o povoado foi fundado em 1781, com o nome de Sesmaria de Itaqueri. Os primeiros colonizadores foram os portugueses, que chegaram em 1833 e construiram as primeiras casas do núcleo urbano de Itaqueri da Serra. Em 1840, chegaram os primeiros grupos de escravos trazidos da África e, em 1880 , os imigrantes italianos. Itaqueri era uma das mais importantes aglomerações urbanas da região, teve posto policial com cadeia, cartório, cinema, farmacia, armazéns, médico, dentista, fabrica de cerveja e escola, um previlégio de poucos povoados na época. Em decorrencia da dificuldade que existia em subir e descer a serra , pois o transporte da produção cafeeira era por tração animal, houve um êxodo em busca de outras terras. Assim, alguns resolveram mudar-se para o "baixo" de Itaqueri, que ficava próximo do rio Itaqueri, e fundaram ali uma vila, que ficou conhecida por Itaqueri de Baixo,e com isso os viajantes não precisavam mais subir a serra pois encontravam tudo no vilarejo de Itaqueri de Baixo. 

Com a vinda da estrada de ferro e a facilidade de locomoção que este meio de transporte oferecia aos moradores da vila, a população foi se mudando para os arredores da estação do Morro Pelado, hoje Itirapina. E, assim, a vila de Itaqueri de Baixo deixou de existir, permanecendo apenas o "Itaqueri de Cima", conhecido com Itaqueri da Serra. Hoje, como distrito do município de Itirapina, é considerado um lugar bucólico e tranquilo, que guarda a memória do patrimônio cultural edificado, dos belos acervos artíticos e histórico, além da riqueza natural do entorno.

 

Foto José Gazola / Casa onde Uyisses Guimarães viveu parte de sua infância

Em 06 de outubro de 1916, nasceu Ulysses Silveira Guimarães, filho de Ataliba Silveira Guimarães e de dona Amélia Correa Fontes, na vila de Itaqueri da Serra, que na época pertencia ao municipio de Rio Claro. Foi professor de direito e depois ingressou na carreira política, tendo importante papel na oposição à ditadura militar e na luta pela redemocratização do Brasil. O primeiro discurso político ocorreu na década de 1940, à sombra da centenária figueira (até hoje frondosa e exuberante) em sua terra natal, Itaqueri da Serra. Ainda hoje, ao chegarmos aí, deparamo-nos com história inesquecíveis do Dr. Ulysses, como era carinhosamente chamado.

 

foto José Gazola / Igreja de Nossa Senhora da Conceição em Itaqueri da Serra.

E 1839, foi construida a Capela de Nossa Senhora da Conceição, que possuia a imagem da Santa entralhada em carvalho trazida da Ilha da Madeira. Naquela época, era muito omportante construir uma capela em uma padroeira, para conseguir o reconhecimento oficial, porque o Estado era ligado ao clero. Contudo, a construção da capela foi fundamental para conseguir o termo legal de Vila. Esta, não é a original de 1839, a primeira foi se deteriorando e, assim, tornou-se necessária a contrução de outra, que está no mesmo local. A inauguração foi em 08 de dezembro de 1894. Pela Lei Provincial nº 5, de 5 de julho de 1852, passou a chamar-se "Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Itaqueri".

HISTÓRIA DO ROUBO DA SANTA Conta-se que, com a formação da vila do Itaqueri de Baixo, os moradores de lá requisitaram a santa, Nossa Senhora da Conceição, para colocá-la em sua capela, porém a população do Itaqueri de Cima se negou. Então, alguns moradores subiram a serra e a roubaram, mas os moradores de Itaqueri de Cima não aceitaram e desceram a serra para pegá-la e colocá-la na capela de origem. Quando estavam subindo, esbarraram-na em uma árvore onde havia uma caixa de vespa e derrubaram-na. Na correria, quebraram o dedo indicador da mão direita da Santa, mas tiveram o capricho de levá-lo e amarrá-lo com uma fita. O dedo foi restaurado pela irmã do tabelião da época, uma pintora formada na Itália. Ela veio passar uma temporada com o tabelião, viu o estado da santa e resolveu restaurá-la. Para resolver o problema do roubo, os moradores de Itaqueri de Cima convocaram uns carabineiros dia e noite para vigiar a santa, mas, mesmo assim, tentavam roubá-la. Dizem os "causos", que em um dos roubos da santa um dos carabineiros deu um tiro, mas acertou o ombro da imagem, e com isso o pessoal fugiu largando a santa. O caso só foi resolvido com a vinda do padre visitador, que decidiu que a santa ficaria no Itaqueri de Cima.

 

foto José Gazola / Centenária figueira de Itaqueri da Serra

Os antigos moradores de Itaqueri da Serra contam qie fincaram uma estaca verde de figueira, que criou raizes e formou a bela árvore, que se encontra até hoje. No passado, a figueira tornou-se um lugar de parada e descanso para os cavaleiros, tropeiros e seus animais, pois naquela época os viajantes chegavam e iam pagar contas, fazer suas compras e refeições ou até mesmo ir à igreja cumprir com a obrigação cristã. A figueira é considerada simbolo natural e cultural para os moradores do distrito.

 

foto Mary Leite Ferreira Pinto / Armazém Feltrim

Em 1894, os irmãos Angelo e Luiz Feltrin abriram uma venda de secos e molhados e uma padaria em Itaqueri da Serra. Ao longo dos anos, a venda foi progredindo, tornando-se um armazém com variado estoque de mercadorias, desde vestuário até ferramentas e gênero para terra. Também implantaram uma máquina de beneficiar arroz. Durante muitos anos, foram agentes da Standard Oil Company of Brazil e forneciam aos itaquerences derivados de petróleo dessa companhia norte-americana. O Armazém Feltrin era referência comercial para os moradores de Itaqueri e arredores. Funcionou até 1990, após noventa e cinco anos de trabalho intenso.

 

CEMITÉRIO

O cemitério foi construido no distrito, mas demorou ocorrer um falecimento. Como na época o distrito tinha uma forte ligação com o município de Brotas, foi feito um acordo para que a próxima pessoa que morresse lá seria enterrada em Itaqueri. E, assim, aconteceu a inauguração do cemitério com um enterro de uma pessoa da cidade de Brotas.

A designação de cemitério foi estipulada sob a influência do cristianismo fazendo com que o termo tomasse o sentido de campo de descanso. tem como sinônimo: necrópole, carneiro, sepulcrário, campo santo, cidade dos pés juntos e ultima moradia. Históricamente, as primeiras edificações dos cemitérios na antiguidade foram as catacumbas cristãs. Os cemitérios apresentam caracteristicas riquíssima na arte tumular que muitos desconhecem, considerados verdadeiros museus a céu aberto. No de Itaqueri, observam-se resquícios do estilo bizantino onde os túmulos são construidos em formas pontiagudas e apresentam representações de igrejas e capelas, nas cores brancas. Há, também, a fase do estilo de mármore e do estilo em granito. Cada escultura tumular apresenta um significado, como obras de arte, geralmente esculpidas por mestres italianos.

LENDAS E HISTÓRIA DO CEMITÉRIO DE ITAQUERI

Menina da Coquinho: Conta a lenda que a menina tinha apenas um ano quando colocou um coquinho na boca, engasgou e morreu. Ela foi enterrada e no túmulo nasceu um coqueiro/palmeira. Os moradores acretam que a árvore tenha nascido da semente engolida pela menina. Isso comoveu o povoado que era muito unido, ainda é, e isso fez com que a lenda tomasse essa proporção, e até hoje as pessoas visitam o túmulo;

Antonio Madaleno: Antonio Madaleno era um morador do distrito de Itaqueri da Serra, e ficou doente. Lepra na época era uma doença muito temida por ser contagiosa. Então, foi obrigado a se isolar dos itaquerenses, dentro do seu prórpio sítio, em um casebre isolado. A população ia até o local para deixar comida e remédios. Ainda muito doente, fez um pedido ao padre: que, apesar de estar distante, quando morresse queria um cantinho no cemitério de Itaqueri. Depois de anos de sofrimento e ajuda da população, Antonio Madaleno faleceu e seu pedido foi realizado. Além de seu túmulo no cemitério, fizeram uma capela no casebre onde ele viveu sozinho durante sua doença. As pessoas consideram Madaleno uma pessoa santa, devido ao sofrimento que passou sem nunca desistir, e fazem pedidos e promessas a ele. Seu túmulo sempre está enfeitado com vasos de flores que são levados para ele, e a capela recebe visitação de pessoas que melhoraram devido à sua intercessão.

 

Fonte: As Sineiras de Walter Verlengia


 


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